sexta-feira, 20 de julho de 2012


A FEB aprende a lutar na marra

Márcia Sampaio de Castro

                   Em meados de 1944, o ponto de Nápoles, na Itália, era um pequeno retrato da guerra no front ocidental europeu. Dezenas de navios retorcidos por bombardeios, outras tantas embarcações civis e militares atracadas e uma infinidade de balões de gás, que tinham por objetivo dificultar eventuais ataques aéreos, marcavam a paisagem do local definido para o desembarque da FEB.
                   Em terra, pequenos detalhes davam a real dimensão do caos que tomara conta da população civil. O primeiro-tenente José Gonçalves conta em suas reminiscências que, “quando um pracinha atirou uma ponta de cigarro sobre o cais, imediatamente uma multidão se acercou do ponto onde o cigarro tinha caído para disputá-lo.” Outra visão que muito impressionou os militares de homens que desembarcavam eram as mulheres napolitanas, que trajavam saias especialmente curtas para a época. Testemunhar a disseminação da prostituição em troca de alimentos ou por simples cigarro ajudava o soldado brasileiro a entender o que realmente significava a guerra.
                   Num processo de aproximação gradual com o front, o mês de agosto daquele ano seria utilizado para a aclimatação, o treinamento e a incorporação da divisão brasileira ao 5º Exército norte-americano. A FEB passava a ser mais uma unidade na verdadeira babel em que havia se convertido o território italiano. Além dos próprios norte-americanos, ingleses, sul-africanos, canadenses, hindus, marroquinos, poloneses, franceses e, claro, alemães e italianos combatiam naquele pedaço da Europa.
                   Outro dado importante para a nova divisão aliada era saber que a Itália era um país dividido. Ao mesmo tempo em que muitos de seus cidadãos comemoravam a libertação de territórios até então sob o controle das potências do Eixo, vários outros atuavam como espiões, passando informações vitais para o Exército alemão e para as forças fiéis a Benito Mussolini. Em função disso, enquanto recebiam treinamento dos instrutores norte-americanos, os brasileiros eram orientados a não comentar com a população civil detalhes sobre movimentações da tropa ou tamanhos das unidades. Nesse treinamento, os soldados brasileiros aprendiam a manejar as armas automáticas, metralhadoras e canhões fornecidos pelos Estados Unidos. Já os oficiais eram encaminhados para as divisões veteranas que se encontravam em combate para acompanhar de perto o emprego das táticas e formas de comando a serem adotadas em suas unidades.

          

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Deslocamento do 1º Escalão da F.E.B. para Vada

                 As atividades do 1º Escalão de Embarque iriam processar-se na área de Vada, então a 25 quilômetros da frente de batalha do Arno.
                  A tropa começou a deixar Tarquinia na noite de 18 e na de 20 a concentração em Vada estava concluída.
             Foi penosa e delicada a tarefa de deslocar para Vada o nosso contingente e ai instalá-lo. Foi um “teste” à capacidade de nosso Estado Maior e a perícia e resistência de nossos motoristas.
         Os acidentes havidos não deslustram a atuação dos elementos de comando e execução, antes a confirmam, porquanto, se analisados, quanto ao número e natureza, serão considerados normais em tais operações.
            O deslocamento para Vada foi realizado mediante a utilização exclusiva de nossos meios orgânicos, muitos deles recebidos alguma horas antes do início da operação.
                Ademais, a tropa ainda não estava habituada a percursos noturnos tão longos.
        Dirigindo carros com os quais ainda não se haviam acostumado, pois que seu recebimento havia sido recente, os nossos motoristas, ainda bisonhos em tráfego intenso e sujeito a “blackout”, certamente tiveram que cumprir afanosa e difícil missão.
               Ainda assim, saíram-se a contento.
            Instalara-se o 1º Escalão da 1ª D.I.E. no acampamento de Vada, com o objetivo de ultimar o seu adestramento para o combate.
               Disfarçava-se sob esplêndido parreiral o nosso acampamento.
               Mas, os cuidados que deveríamos manter dadas as vizinhanças da zona de combate, não eram poucos. O funcionamento de nossos Serviços, com a nova situação que exigia disciplina de luzes e de circulação, veio a ser encarado com espírito mais objetivo.
             As nossas necessidades passaram a ser satisfatoriamente atendidas, principalmente pela adoção do sistema das visitas diárias dos oficiais de ligação e chefes de serviço americanos.
       O recebimento de munição, gasolina e material já não era realizado pela P.B.S. Recebíamos esse provimento de Cecina, dos órgãos do V. Exército.

sábado, 23 de junho de 2012


A viagem do 1º Escalão de embarque

Poderosos e graves foram os motivos que impuseram a montagem de um eficiente sistema de escolta ao navios transportes que conduziram os cinco escalões da F.E.B.
Em razão da probabilidade de intervenção dos submersíveis contrários, destróieres brasileiros e belonaves de combate americanas acompanharam até o estreito de Gibraltar os navios que transportaram nossas tropas. A viagem no Mediterrâneo realizou-se com uma nova escolta de navios americanos e ingleses, contando com constante cobertura aérea. Blimpes e aviões, com bases no Brasil e África, asseguraram a cobertura desses transportes, desde os primeiros momentos da partida até o porto de destino.
Completaram as medidas de segurança as bombas de profundidades dos destróieres, o próprio armamento dos transportes de guerra, o contínuo funcionamento do radar e os aviões existentes nos cruzadores americanos da escolta.
Apesar de todos esses meios, eram diários os exercícios de alarme para abandono do navio e obrigatório o uso permanente de salva-vidas.
As regras de segurança impuseram também o escurecimento do navio, durante a noite.
Com a efetivação de tal medida, todo pessoal embarcado era empilhado nos alojamentos, que se fechavam para impedir a filtração da mais fraca réstia de luz.
Desagradáveis, insuportáveis mesmo, eram essas noites, quentes e infindáveis, vividas em compartimentos abafados e lotados até o teto.
Além disso, a diferença de alimentação e a agitação do mar provocaram o enjôo em grande número de companheiros, o que tornava insuportável a vida nos alojamentos.
Os freqüentes exercícios de artilharia de bordo contra alvos aéreos interessaram muito à tropa embarcada e constituíram um agradável passatempo.
Para aliviar as naturais preocupações da viagem e o cerceamento da liberdade, decorrente das medidas de segurança e escurecimento do navio, os comandos dos transportes fizeram exibir alguns filmes cinematográficos e executar programas variados de diversões, geralmente a cargo dos capelães de bordo.
Ademais, a tripulação dos transportes, desde o marujo ao comandante, esmerou-se em gentilezas de toda ordem, tudo envidando para dissipar o turbilhão de saudades e apreensões.
Desenvolveu-se natural e imperceptíveis, a camaradagem entre a nobre maruja americana e os expedicionários brasileiros. Através dessa convivência e mediante a observação de sua conduta, nas horas de trabalho e nas ocasiões de folga, firmara-se nos a convicção, ainda em viagem, de que entre militares americanos e brasileiros iria estabelecer-se no campo da luta, uma sólida amizade de guerra. A entrada do “General Mann” no Mediterrâneo se revestiu de grande solenidade, tendo o comandante do navio, capitão Paul Maguire, dirigido à F.E.B. entusiástica saudação (¹).
Nesse ambiente decorreu a viagem do 1º Escalão, até que na luminosa manhã de 16 de Julho de 1944, com o Vesúvio à vista, logo se descerrou o segredo: o nosso porto de destino era Nápoles.
E, à proporção que o “General Mann” avançava para o interior da ampla e formosa baía, três capelães militares disseram a missa em ação de graças pela nossa chegada ao porto de destino, sem sequer um registro de algum incidente desagradável.
Dessa maneira, aportou ao continente europeu a primeira força latino-americana destinada a combater em terras de ultramar.
Esta “performance” constituiu justo galardão aos esforços despendidos e riscos enfrentados na travessia oceânica.
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(¹) Exceto do discurso do comandante Paul Maguire, quando saudava a F.E.B.:
“Brasileiros! Soias a primeira força Sul-americana que primeiro deixou seu continente para combater um ultramar, com destino ao teatro de guerra europeu, constituindo um novo Exército de homens livres, que se vêm juntar a tantos outros na luta pela liberdade dos povos oprimidos. Quem poderá avaliar da suprema importância que podereis representar nos campos de batalha? Não seria a primeira vez na História que a adição de alguns homens a mais, num determinado setor de luta fizesse pender de definitivamente para ele o fiel da balança e os louros da vitória.”
Em resposta, falou o general Mascarenhas de Moraes, de cujo discurso extraímos o tópico abaixo:
“Senhor comandante! Conduzistes as primeiras tropas terrestres Sul-americanas através do Atlântico; ides fazê-las penetrar no Mediterrâneo e depois entregá-las ao Teatro de Guerra do Sul da Europa. A minha Pátria está vivendo assim o ciclo da grande e gloriosa Pátria de Washington.
Colonizados e vitalizados pela civilização européia, somos as Nações do Hemisfério ocidental mais identificadas na defesa do patrimônio da Humanidade em terras americanas e, muito em breve, nos campos de batalha da Europa.
E esta identidade de destino de dois povos unidos por tão alevantada aliança, traduz-se no entrelaçamento de nossas bandeiras no Mediterrâneo, no próprio berço da civilização cristã, que hoje engrandece os Estados Unidos e o Brasil. Unidos na América e sobre as águas do Atlântico, seremos na Europa também irmãos do mesmo ideal.”

domingo, 10 de junho de 2012

Os efeitos da guerra no Rio de Janeiro
Regina da Luz Moreira²

                   O conflito na Europa interferiu na vida brasileira, especialmente na então Capital da República, o Rio de Janeiro, o começar pelo relacionamento de sal e açúcar. Era freqüente deparar com pessoas que formavam filas para conseguirem cartões de racionamento. Imaginem uma vida sem geladeira, sem máquina de lavar roupa e automóvel.
                   Na época da guerra, na maioria das residências do Rio de Janeiro, ainda se utilizavam grandes pedras de gelo para refrigerarem os alimentos, entregavam-se as roupas, usualmente, às lavadeiras e os eletrodomésticos só começavam a circular, mais fartamente, depois da guerra com a liberação das importações. Para tomar a vida ainda mais difícil havia racionamento de gás, luz, carne e leite. Compravam este último nas cooperativas e pagavam-no com um mês de antecedência, por exemplo. A manteiga foi um produto raro, sem falar em combustível. Praticamente só os carros oficiais tiveram acesso à gasolina e, para os particulares, restou o gasogênio, conseguido à base de queima de carvão. Aconteceu tudo isto porque, com a guerra, a dificuldade de se importar petróleo foi enorme, o que levou o governo a decretar, em 1943, o racionamento de todos os produtos dele derivado. Os problemas, que atingiram o setor de transporte, imediatamente repercutiram nos demais setores da economia, o que causaram a escassez de determinados gêneros alimentícios e a conseqüente alta nos preços, aliás, os transportes já eram os vilões na história da cidade do Rio de Janeiro. Como os automóveis ainda não eram tão usuais como hoje, a grande maioria da população utilizava os transportes coletivos: bondes, ônibus e lotações.
                   Os bondes podiam ser de primeira ou segunda classe e de cargas. Este tinha a parte da frente fechada. No ônibus, sempre escassos, permitia-se que 8 passageiros viajassem em pé. chegou a haver, nos pontos, a fila dos que viajariam sentados e a dos que viajariam em pé. Quanto às lotações, recebiam esta designação porque só saíam do ponto com a lotação esgotada.
                   Medidas oficiais aproximaram o carioca dos tempos de guerra. O treinamento da população para a realização de blecautes, a fim de prepará-la para eventuais ataques noturnos, foi uma: em setembro de 1942, por exemplo, decretou-se o blecaute em Copacabana ao longo de 3 noites e o bairro permaneceu na mais completa escuridão, ou ainda, a exigência, ao estrangeiro, do porte de salvo-conduto para as viagens pelo território brasileiro. Data da época a obrigatoriedade do porte da carteira de identidade para brasileiros maiores de 18 anos. Exigia-se este documento até para quem se aventurasse a sair do Rio de Janeiro para visitar parentes em Niterói. Outras medidas acabaram por se enraizarem na rotina do carioca, como as propagandas da Campanha do Gás, que orientavam o usuário a adotar hábitos mais econômicos.
                   No tempo da guerra fizeram, também, passeatas no Rio de Janeiro. A União Nacional dos Estudantes, UNE, que protestou contra os  seguidos afundamentos de navios brasileiros por submarinos alemães, realizou as primeiras. Em repúdio ao totalitarismo nazista e à manutenção da neutralidade brasileira, começaram a realizar as manifestações em meados de 1942, que acabaram por repercutir em outras cidades do país. Logo depois os cariocas se acostumariam a acompanhar, comovidos, o desfile dos batalhões da FEB pelas ruas do centro da cidade a caminho do cais do porto por ocasião do embarque para a Itália.
                   As notícias, em primeira mão, sobre os combates na Europa aqui chegavam pela voz de Heron Domingues, locutor do Repórter Esso, o famoso noticiário radiofônico criado em 1941. Os meios de comunicação, de uma maneira geral, desempenharam importante papel na conscientização da população para as dificuldades que seriam enfrentadas. A verdade é que apesar das aflições pelas quais eventualmente passaram a guerra não conseguiu tirar dos cariocas a proverbial de viver.



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² Mestra em História Social pelo IFCS-UFRJ

terça-feira, 8 de maio de 2012

8 de Maio - O dia da Vitória




“A Guerra na Europa terminou no dia 8 de maio de 1945, com a rendição das tropas nazistas no Teatro de Operações da Alemanha.
A Força Expedicionária que representou o Brasil nesta sanguinolenta guerra, cumpriu galhardamente a missão que lhe foi confiada, mercê a Deus e a despeito de condições e circunstâncias adversas. Num terreno montanhoso, a cujos píncaros o homem chega com dificuldade; num inverno rigoroso que a totalidade da tropa veio enfrentar pela primeira vez e contra o inimigo audacioso, combativo e muito instruído, podemos dizer assim mesmo, e por isso mesmo, que os nossos bravos soldados não desmereceram a confiança que neles depositavam os seus chefes e a própria Nação Brasileira.
Após oito meses de luta, em que, como todos os Exércitos, sofremos pesados reveses e obtivemos brilhantes vitórias, o balanço de uns e outros é ainda favorável às nossas armas. Desde o dia 16 de setembro de 1944, a F.E.B. percorreu, conquistando ao inimigo, às vezes, palmo a palmo, cerca de quatrocentos quilômetros de Lucca e Alessândria, pelos vales dos rios Sérchio, Reno e Panaro e pela Planície do Pó; libertou quase meia centena de vilas e cidades; sofreu mais de duas mil baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos; fez o considerável número de mais de vinte mil prisioneiros, vencendo pelas armas e impondo a rendição incondicional a duas divisões inimigas. É um registro deveras honroso e de vulto para uma Divisão de Infantaria.
Regressamos com feridos ainda sangrando dos últimos encontros, mas, nunca, pela nossa atuação, o prestígio e nome do Brasil periclitaram ou foram comprometidos.
É bem verdade, e vale a pena afirmar, que preço bem alto pagamos por esse resultado. O sangue dos nossos bravos camaradas tingiu de vermelho essas belas verde-escuras montanhas dos Apeninos e algumas centenas dos nossos valentes companheiros já não retornarão à Pátria conosco, porque dormem o sono eterno, sob as terras úmidas e verdejantes das Planícies da Toscana.
Oficiais e Praças da Força Expedicionária Brasileira!
Total dos mortos da F.E.B.: 443, dos quais 364 em ação de combate.
Total dos feridos em ação de combate: 1.577.
Total dos acidentados: 1.145, dos quais 487 em ação de combate.
E com orgulho sem jactância, e confiança sem exageros, retornemos aos nossos lares, aos nossos quartéis e postos de trabalhos, para prosseguirmos na faina sagrada de fazer um Brasil forte e respeitado, num mundo livre e feliz.”

Goiânia, 08 de Maio de 2012

(A.F.E.B. PELO SEU COMANDANTE
MARECHAL JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAES)

terça-feira, 3 de abril de 2012

A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO

























Assim, na noite de 29/30 de Junho de 1944, os Grupamentos n°s 1 e 3 seguiram em composições ferroviárias, movimentando-se respectivamente para Santa Cruz e Recreio dos Bandeirantes. O outro Grupamento, o de n°2, não se deslocou para Nova Iguaçú, sua região de primeiro destino no Plano de Monobras. Transportou-se diretamente nas noites de 28/29, 29/30 e 30/1° de Julho para o Cais do Porto, em composições sucessivas e tomando todas as cautelas para a manutenção do segredo.
Os carros das composições seguiram de luzes apagadas e suas janelas permaneceram cerradas até o final da viagem.
A área de embarque, no Cais do Porto, fora completamente  isolada, com larga antecedência de tempo.
Bagagem de 2ª urgência.
Os demais Escalões de Embarque, utilizando processo semelhante, partiram nas condições abaixo:
1° Escalão de embarque: A 2 de Julho de 1944, pelo “General Mann”, sob o comando do general Zenóbio da Costa, tendo chegado a Nápoles em 16 de Julho.
Antes da partida do “General Mann”, ainda na noite de 30 de julho, o presidente Getúlio Vargas compareceu a bordo, acompanhado do general Eurico Dutra, Ministro da Guerra.
Vinham as duas altas autoridades assistir a essa delicada operação de guerra, que pela primeira vez se fazia no Brasil.
Nessa ocasião, o Chefe de nosso Governo dirigiu, pelo microfone de bordo, as seguintes palavras de despedida à tropa:
“Soldados do Brasil: O Presidente da República aqui veio, acompanhado do Ministro da Guerra, para trazer-vos os votos de feliz viagem. E, não podendo fazê-lo pessoalmente a cada um, o faz por meio deste microfone.
É sempre uma glória lutar-se pela Pátria e por um ideal. O Governo e o povo do Brasil vos acompanham em espírito na vossa jornada e vos aguardam cobertos de glórias.”
Às 6.30 horas do dia 2 de Julho começou o transporte de guerra a desatracar.
Do Corcovado, circundado de bruma, emergia o Cristo Redentor, fitando os seus fiéis que para outras terras partiam co o objetivo de, ombro a ombro com os nossos aliados, defender o rico patrimônio da civilização cristã.

terça-feira, 6 de março de 2012

Os pracinhas a caminho da Itália



O SIGILO DO EMBARQUE
DA FEB

Fôra o general Mascarenhas de Moraes, nos últimos dias de Maio de 1944, informado oficialmente da probabilidade de embarque para além-mar de um primeiro escalão de forças, provavelmente na segunda quinzena de Junho.
Dada a evidente necessidade de que o próprio preparo do embarque ficasse envolto em sigilo, planejou-se a instrução de modo capaz de desviar, tanto quanto possível, o conhecimento da operação em projeto.
Complementarmente, as ligações indispensáveis com um “Estado Maior Especial” foram efetuadas, bem como acertadas as providências imprescindíveis.
Em harmonia com o plano de embarque, fixou o chefe divisionário brasileiro, na sua Diretiva para a Instrução da D.I.E., de 31-V-944, os limites de duração do 2° período de instrução.
Limitado esse período entre 5 de Junho e 8 de Julho, tudo de 1944, o general Mascarenhas de Moraes estava enquadrando a época provável de nosso transporte para o Teatro do Mediterrâneo. Além disso, a citada Diretiva precisava a constituição de três Grupamentos Tácticos, com base em um Regimento de Infantaria, e uma série de exercícios de conjunto destinados a flexionar a Divisão.
Findaria o segundo período de instrução com um tempo de manobras.
Ao aproximar-se a época prevista para as manobras, o comandante da 1ª D.I.E. pormenorizou a sua realização, através das Diretivas de 26 e 27 de Junho.
E assim, na noite de 29/30 de junho, ainda em plena ignorância de toda a verdade, os três Grupamentos partiram para as regiões anteriormente fixadas:
Grupamento n° 1: região de Santa Cruz:
Grupamento n° 2: região de Nova Iguaçú e
Grupamento n° 3: região de Recreio dos Bandeirantes.
Os movimentos foram iniciados às vinte horas.
Não seguiu, todavia, o Grupamento n° 2 comandado pelo general Euclydes Zenóbio da Costa, para a região prevista. Movimentou-se em sete composições sucessivas para o Cais do Porto, a fim de proceder ao embarque com destino ao teatro da guerra.
A situação dos Grupamentos n° 1 e 3 relativamente ao adestramento militar, não se modificou.
Prosseguiu a instrução segundo os planos traçados com apreciável antecedência, praticando-se exercícios proveitosos, particularmente no âmbito dos citados Grupamentos Táticos.
Mais tarde, em Setembro de 1944, os outros dois Grupamentos (n° 1 e 3) embarcaram no Cais do Porto do Rio de Janeiro, rumando para Nápoles.   

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

1° Escalão desfila no Rio Janeiro


















AS GRANDES DIFICULDADES DE ORGANIZAÇÃO 
F.E.B.


Segundo Marechal João Batista Mascarenhas de Moraes



Numerosos e difíceis foram os obstáculos à tarefa de se organizar uma força expedicionária de acordo com os moldes norte-americanos.
Há longos anos o Exército Brasileiro vinha sendo instruído por uma operosa missão militar francesa.
Sua organização, seus regulamentos e seus processos de combate eram baseados na chamada “escola francesa”. De repente, quase da noite para o dia, dentro da antiga moldagem, e no quadro da doutrina gaulesa, surgia a tarefa de constituir uma Divisão de Infantaria, com a organização norte-americana. E, além disso, instruí-la e adestrá-la segundo os métodos, processos e meios norte-americanos.
Somente quem nunca se viu a braços com problemas análogos pode ignorar as dificuldades, as incompreensões e choques daí decorrentes.
A nova organização exigia a criação de órgãos absolutamente novos e a revisão quase revolucionária de princípios, há muito firmados em nosso meio militar.
O problema consistiu em fazer sair, de um maquinismo montado à francesa, uma Força Expedicionária que funcionasse à americana.
Outra dificuldade por vencer foi a seleção física do pessoal.
O Brasileiro, de um modo geral, não é um homem robusto, embora seja resistente.
A este embaraço inicial, adicionava-se a necessidade de uma seleção, visando à escolha de homens aptos para o combate em clima e ambiente totalmente diversos daqueles a que estavam habituados.
A questão da robustez física do expedicionário era, em última análise, fundamental.
Verificáramos, meditando sobre o feliz sucesso das então recentes operações extra-continentais, que os norte-americanos se adaptavam com certa facilidade a todos os climas.
Qualquer que fosse a área da Europa, África, Ásia e América, sob temperaturas elevadas ou intenso frio, realizaram satisfatoriamente as missões que lhes foram confiadas, sem visível perda de rendimento físico. Desta meditação decorrerá o ensinamento de que as ações militares contemporâneas repousam na constante robustez física dos homens.
Outra dificuldade de vulto, que desde logo preocupou o comando da tropa expedicionária, decorria da disseminação, em quatro Regiões Militares, das Unidades componentes da 1ª D.I.E.
A situação desses elementos da F.E.B. implicava, como corolário inevitável de uma distribuição dispersiva no território nacional, uma subordinação administrativa e disciplinar aos comandos daquelas Regiões Militares. Tal dependência, sem dúvida, iria refletir-se em muitos aspectos da instrução especial desses elementos e, sobretudo, nas transformações por que teriam de passar sob a direta responsabilidade do general Mascarenhas de Moraes.
As dificuldades já enumeradas somavam-se duas outras, a absoluta insuficiência do material de guerra americano entre nós e a inexistência de um uniforme adequado ao futuro teatro de operações.
Antes da Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro adquiria a totalidade de seu aparelhamento bélico na Europa, o que significa afirmar que não havia, entre os reservistas convocados e os soldados aproveitados na F.E.B., elementos que houvessem visto, pelo menos, o material que iriam utilizar. Mesmo entre os oficiais, aqueles que o conheciam constituíram uma minoria insignificante.
Daí a necessidade do adestramento militar ter que começar pelo que havia de mais elementar na instrução individual.
E o material para isso era escassíssimo, e obrigava, em conseqüência, a verdadeiros milagres de revezamento.
Relativamente à falta de uniformes adequados ao uso em território europeu, basta declarar que foi necessário uniformizar a F.E.B., sem que praticamente pudesse ser aproveitada uma só peça de material existente nos Depósitos do Exército.
Cumpre assinalar, a esta altura da exposição acerca de nossas dificuldades iniciais, a assistência valiosa prestada à F.E.B., desde janeiro de 1944, por um operoso grupo de oficiais do Exército dos Estados Unidos, aos quais muito ficamos a dever, particularmente no que se relaciona com a prática do material e com o conhecimento da organização americana.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Parabéns Edson Dias Soares!!!

























Edson Dias Soares, herói da Segunda Grande Guerra Mundial.
Se estivesse vivo, completaria hoje 93 anos.

23 de Fevereiro de 1945, Edson escreveu em seu diário no decorrer da Guerra:
"Dia 23 de Fevereiro, sexta feira dia de meu aniversário, completei 26 anos, após o rancho fui fazer uma limpeza na área do rancho, depois tomar conta de uma turma para levar pedras, assim me virei até meio dia, à tarde na barraca vizinha houve uma alteração, o capitão recolheu um, e mesmo assim a noite sair para  tomar um vinhozinho, a turma: eu, sargento Celson, Oliveira, Ausgusto e Fazendeiro, arranjamos um jantar de 8 ovos com pulenta, paguei 460 liras, só assim se ver o absurdo que existe aqui, tudo isso causado pela guerra, e assim passei mais um dia na Itália.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Presidente Vargas decreta a mobilização geral




Decreto n° 10.451 – de 16 de setembro de 1942
  
“Decreta a mobilização geral.
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 74, letra f, da Constituição, decreta:
Art. 1° É nesta data ordenada a mobilização geral em todo o território nacional em virtude do Estado de Guerra declarado pelo decreto n° 10.358, de 31 de agosto de 1942.
Art. 2°. Os reservistas das Forças Armadas aguardarão, para se apresentarem às suas corporações, ordem de chamada expedida pela autoridade competente.
Parágrafo único. A partir da data deste decreto todos os brasileiros, natos e naturalizados, são obrigados, exceto os legalmente isentos, ao exercício do dever cívico da defesa nacional.
Art. 3°. Os Ministérios e demais órgãos da administração pública federal, estadual e municipal tomarão as medidas que se impuserem no domínio econômico, militar, científico, da propaganda, da mão-de-obra e do trabalho necessários à defesa do território nacional.
Art. 4°. Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1942, 121° da Independência e 54° da República – Getúlio Vargas – Alexandre Marcondes Filho – A. de Souza Costa – Eurico G. Dutra – Henrique A. Guilhem – João de Mendonça Lima – Oswaldo Aranha – Apolónio Salles – Gustavo Capanema – J.P. Salgado Filho.”
(Diário Oficial de 18 de setembro de 1942).

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cadáveres esqueléticos de prisioneiros Judeus no campo de concentração - Bergen-Belsen, Alemanha Ocidental.




















Cadáveres esqueléticos de prisioneiros judeus jazem no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha Ocidental. Os britânicos, que libertaram o campo em abril de 1945, encontraram 10 mil mortos e 40 mil quase vivos; os guardas da SS ainda atiraram neles quando os britânitos chegaram - para manter a ordem, argumentaram. Descrições de campos de extermínio alemães haviam circulado durante anos, mas eram geralmente ignoradas como histórias de inspiração propagandística. A queda do Terceiro Reich trouxe à tona provas do massacre e da crueldade em escala inimaginável. Embora alguns perpetradores dessas ações tivessem sito mortos pelas tropas de libertação e outros processados em tribunais por crimes de guerra, anos mais tarde a maior parte deles volou tranquilamente à vida civil.

Documentos da participação do Brasil na II Guerra Mundial

O início da guerra e neutralidade brasileira (telegramas ao Itamarati e decretos sobre neutralidade)
Telegrama recebido da Legação do Brasil em Varsóvia - 1 de setembro de 1939
“O território polonês acaba de ser invadido por tropas alemãs - Joaquim Eulálio.”
Telegrama recebido da Embaixada do Brasil em Paris - 3 de setembro de 1939
“O Governo da República francesa decretou hoje o estado de guerra com a Alemanha - Souza Dantas.”
Telegrama recebido da Embaixada do Brasil em Londres - 4 de setembro de 1939

“Na data de hoje foi feita a declaração de guerra ao Governo alemão - Regis de Oliveira.”

Decreto n° 4.621 - de 4 de setembro de 1939

“Manda observar completa neutralidade durante a guerra entre a Alemanha e a Polônia.
O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere a Constituição:
Considerando que o Governo Federal recebeu comunicações oficiais que confirmam a existência de um estado de guerra entre a Alemanha e a Polônia: Decreta:
Artigo único. Enquanto durar o estado de guerra entre a Alemanha e a Polônia, ficam em vigor, e devem ser rigorosamente observadas, em todo o território nacional, as Regras Gerais de Neutralidade constantes da circular do Ministério das Relações Exteriores, aprovada pelo decreto - lei n° 1.561, de 2 de setembro de 1939.
Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1939, 118° da Independência e 51° da República - Getúlio Vargas – Oswaldo Aranha - Francisco Campos - A, de Souza Costa - Eurico G, Outra - Henrique A. Ghuilhem - João de Mendonça Lima.”
No dia 5 de setembro de 1939, foram publicados os decretos n? 4.623 e 4.624, de igual teor, estabelecendo a completa neutralidade durante a guerra entre a Alemanha e a Grã-Bretanha e a França.
No desenrolar da guerra, o Brasil manteve, até o ataque japonês a Pearl Harbor, a mesma posição de neutralidade com relação à entrada de outros países no conflito.

Reunião de Havana (resolução interamericana informando que qualquer agressão a país do continente significará agressão a todos os países do continente);
Resolução da Segunda Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas - Havana, julho de 1940.
“A Segunda Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas,
Declara:
Que todo atentado de um Estado não americano contra a integridade ou a inviolabilidade do território e contra a soberania ou independência política de um Estado americano, será considerado como um ato de agressão contra os Estados que assinam esta Declaração.
No caso em que se executem atos de agressão, ou de que haja razões para crer que se prepara uma agressão por parte de Estado não americano contra a integridade ou a inviolabilidade do território, contra a soberania ou a independência política de um Estado americano, os
Estados signatários da presente Declaração consultar-se-ão entre si para combinar as medidas que forem necessárias tomar.
Os Estados signatários cuidarão de negociar, coletivamente, ou entre dois ou mais deles, conforme as circunstâncias, os acordos complementares necessários para organizar a cooperação defensiva e a assistência que se prestariam na eventualidade a que se refere esta Declaração”

EUA são agredidos pelo Japão (nota americana e telegramas Roosevelt-Getúlio)

Telegrama recebido da Embaixada do Brasil em Washington - 7 de dezembro de 1941

“Foi anunciado pelo Chefe do Governo norte-americano, em nota fornecida pela repartição competente, o seguinte:
Forças aéreas e navais do Japão atacaram as bases militares e navais de Pearl Harbor e Manila, Acrescenta a nota que os ataques foram efetuados num momento em que a paz existia ainda entre os dois países e uma hora após a entrega por Nomura e Kurusu da resposta do
Governo japonês à nota americana de 26 de novembro - Pereira e Souza.”

Telegramas trocados entre o Presidente dos Estados Unidos da América e o Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil (8/12/41)    

“Senhor Presidente Franklin Roosevelt - Ao tomar conhecimento da agressão sofrida por parte do Japão, convoquei os membros do meu governo e tenho a honra de informar a V. Exa. que ficou resolvido que o Brasil se declarasse solidário com os Estados Unidos, coerente com as suas tradições e compromissos na política continental – Getúlio Vargas.”
“Senhor Presidente Getúlio Vargas – Hoje, oito, apresso-me a acusar, com o meu mais profundo apreço e o do povo dos Estados Unidos, a pronta e cordial mensagem de solidariedade com o meu país, na crise provocada pelos traiçoeiros e não provocados ataques praticados ontem pelos japoneses contra as vidas e territórios dos Estados Unidos. A mensagem de V. Exa. é a prova culminante da afirmação feita tão eloqüentemente faz poucas semanas, de que o pan-americanismo passara do domínio dos convênios ao campo de ação positiva, o que profundamente me comoveu e encorajou – Franklin Roosevelt.” 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Relação de Navios Mercantes brasileiros torpedeados durante a segunda guerra mundial


Náufragos dos navios torpedeados nas costas brasilerias são recebidos com emoção. 1942


Marujos brasileiros levam o caixão de um companheiro morto na explosão do cruzador Bahia. 1942


Estudantes baianos exigem a expulsão de professor integralista - Maio de 1942


Reação popular ao afundamento de navios brasilerios - Salvador, agosto de 1942


sábado, 21 de janeiro de 2012

Historiador Antônio Ernesto em uma de suas visitas ao Ex Governador de Goiás Mauro Borges



















Ano de 2005


Mauro Borges em seu depoimento lembrou de um fato que ocorreu com ele quando estava no exército:

“Em um desses sábados, chegou uma mensagem pelo rádio em código ultra-secreto, urgentíssima. Não tive dúvidas: fui até o cofre de segredos do BC a fim de ter acesso aos códigos secretos para decifrar a documentação secreta.
Traduzindo o texto, verifiquei que se tratava de uma ordem para designar, imediatamente, oficiais e sargentos para o departamento de pessoal da FEB, a fim de integrarem a força expedicionária que lutaria na Itália. Para apressar e facilitar a ação do comandante, dever-se-ia fazer uma lista com os nomes dos voluntários, e, posteriormente, o comandante estipularia os critérios para as designações compulsórias.
Achei que seria constrangedor para mim procurar voluntários, sem ser um deles. Por isso, coloquei meu nome em primeiro lugar como voluntário. Quando o comandante chegou, dei-lhe conta das minhas providências. Logo que ele acabou de ler a lista dos voluntários, disse-me:
Quem disse que o senhor vai para a Itália? O senhor fez bem em tomar imediatamente as providências que tomou, mas o meu critério é indicar oficiais solteiros. Os casados só irão se o número de solteiros for insuficiente.
E, assim, acabei não indo, para a alegria de minha mulher, que naqueles dias, cuidava do nosso primeiro filho”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"Ofereço a meus pais, como recordação e verdadeira amizade, do filho amante, e que está sofrendo por achar distante, vai o meu retrato em meu lugar". Edson Dias Soares - Bahia 09/12/1941


Edson Dias Soares (25 anos) Itália 1945


Ida dos soldados brasileiros a Livorno - 1944


Ida dos soldados brasileiros a Livorno - Itália 1944


sábado, 14 de janeiro de 2012

Acampamento dos soldados brasileiros em Livorno - Itália 1945


Alegres e sorridentes as enfermeiras da FEB apresentam as suas despedidas. Sua atuação na Itália, juntamente com o corpo médico da Força Expedicionária, mereceu elogio especial da parte do Marechal Mascarenhas de Moraes, quando do retorno dos pracinhas ao Brasil. 1945


Mulheres brasileiras que participaram da II Guerra Mundial. 1945


Uma cidade belga bombardeada. De um extremo a outro da Europa em guerra, podem ser vistas estas imagens de sofrimento e desolação. A população civil sofria, apanhada entre dois fogos. 1945


O rosto deste rapaz, condenado a fazer a guerra, é, por si mesmo, uma denúncia.


Navio General Menn saindo do Rio de Janeiro para a Itália 1945


Cemitério de Pistoia - FEB - II Guerra Mundial


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Historiador Antônio Ernesto no Batalhão da Guarda Presidencial em Brasília. Olhando armas utilizadas na 2ª Guerra Mundial.


Perfil do Soldado Brasileiro


Uniforme utilizado durante a 2ª Guerra Mundial.


Uniforme utilizado durante a 2ª Guerra Mundial.


Soldados brasileiros em momento de instrução


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Itália 1945


Monte Castelo - Itália 1945


Monte Castelo (Inverno) - Itália 1945


Itália 1945


Monte Castelo - Itália 1945


Itália 1945